Ela quer viver a vida através de uma bússola e não um relógio.

A luz da lua foca-se na sua pele pálida. Todos os dias fica na janela a sonhar em conhecer o mundo. A sua mente sonha e o mundo é o seu sonho. Sempre foi assim desde pequena. O que é que está além desta cidade? Deste país? Tantos rios e montanhas para atravessar, tantos animais para conhecer e culturas para vivenciar. O sentimento de estar presa torna-se constrangedor pois aperta-lhe o coração saber que ainda falta… que ainda vai demorar para sair da sua pequena prisão.

Desde sempre que está apaixonada por cidades em que nunca esteve e por pessoas que nunca conheceu. É inexplicável o sentimento que lhe percorre pelas veias. Dizem-lhe vezes sem conta que como tudo na vida, este sonho é apenas um sonho que vai passar e ficar esquecido no tempo. Mas ela sabe que é mais que um sonho pois não é só o mundo que ela tem que descobrir… mas a si própria também.

Ela apercebe-se de muitas coisas. E uma delas é que os adultos como ela seguem estradas já pavimentadas e que as crianças exploram o que está á volta. Os adultos estão formatados para caminhar nessas estradas sem nunca espreitar por entre as grades. Ela não quer seguir estradas pavimentadas por outros. Ela que seguir o seu próprio caminho.

O seu caminho ou o seu destino não se encontra em nenhum mapa, mas ela sabe que está aí algures à espera dela. Não é o destino que interessa, mas sim a viajem em si.

Ela quer viver a vida através de uma bússola e não um relógio. Talvez todos nos devêssemos ser como ela.