Nos dias que correm nós temos a tendência de
idolatrar o amor como este fosse a cura de tudo o que corre mal nas nossas
vidas. Livros, filmes e as nossas histórias idealizam o amor como se este fosse
o único elemento que pode salvar o nosso mundo. O amor passa a ser a solução final
para as dificuldades que estamos a passar. E é exatamente esse tipo de pensar
que faz com que a maioria das relações acabem por sofrer.
Se tudo o que precisamos para estar bem é o amor
então acabamos por ignorar outros valores fundamentais tais como: o respeito,
humildade e o investimento pelas pessoas que mais amamos. Sim, porque se afinal
o amor resolve todo o mal do mundo e o mal das nossas relações amorosas então
porque haveríamos de nos importar com o resto?
Para podermos ter uma relação saudável temos que
compreender que estas requerem mais do que o «amor». Nós temos que perceber que
existem coisas mais importantes nas nossas vidas e relações do que estarmos
apaixonados. Se o fizermos, vamos nos aperceber que as nossas relações dependem
de outros valores tão importantes como o amor.
O grande e gravíssimo problema de idolatrar o amor
é que este cria expectativas irrealistas. Estas expetativas irrealistas apenas
servem para sabotar as nossas relações.
Sim, porque só porque te apaixonas por alguém – não
quer dizer que ele ou ela são bons parceiros para passar o resto da nossa vida.
O amor é um processo emocional e a compatibilidade é um processo lógico. E os
dois não vão de mãos dadas. De certeza que conhecem alguém que se apaixonou por
alguém que não lhes trata bem, que lhes fazem sentir inferiores e que não lhes
respeitam. Este tipo de pessoa não é compatível. Mas o amor cega-nos de tal
forma que por vezes vemos-mos presos em relações que não são saudáveis de todo.
É possível e acontece muito apaixonarmo-nos por
alguém que tem diferentes ambições. Ou até mesmo planos de vida que não vão ao
encontro com os nossos próprios planos. É possível apaixonarmo-nos por alguém
que não é ideal de todo para nós e para a nossa felicidade.
Por isso é que o amor não chega. Quando procurares
por um parceiro ou parceira não uses somente o teu coração, mas também a tua
cabeça. Sim, nós todos queremos achar alguém que faça o nosso coração explodir
de tanto amor e paixão. Mas precisamos de aprender a avaliar quais são os
valores deste alguém… avaliar como é que eles tratam os outros à sua volta,
avaliar as suas ambições e o modo geral de como veem o mundo. Porque se nos
apaixonamos por uma pessoa que não é compatível connosco então… a relação não vai
durar.
Por último, nem sempre vale a pena sacrificarmos-mos
por amor. Uma das características de amar alguém é que sejas capaz de pensar
não só em ti e nas tuas necessidades, mas também das necessidades do teu
parceiro. Mas a pergunta que não é perguntada o suficiente é “o que realmente
estás a sacrificar… e se vale a pena?”
Nas relações é bastante normal para ambos
sacrificar os seus desejos e necessidades. Isto é normal e faz com que as
relações cresçam e se tornem mais saudáveis. Mas quando temos que sacrificar
respeito, dignidade, ambições e os nossos sonhos só para estar com alguém…
então temos que repensar as nossas prioridades.
Tal como todas as experiencias amorosas estas podem
ser saudáveis ou não. No entanto estas não devem consumir-nos. Não devemos
sacrificar as nossas próprias identidades ou o nosso valor, porque no momento
que o fazemos, perdemos o amor por nós próprios e arriscamo-nos a perdermo-nos.
Por isso é que precisamos mais do que o amor. O
amor é bom, é necessário e é a coisa mais bonita do mundo.
Mas não chega.
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